Literatura trágica e seus efeitos no homem

Pensar em arte significa pensar na vida. Qualquer manifestação artística diz algo sobre a vida da pessoa, seja na literatura, nas pinturas, teatros, músicas e etc.

Me baseando em Freud, a partir da literatura, posso afirmar que é o saber inconsciente do próprio escritor que se manifesta através do enredo fantasioso que constrói, ou seja, o escritor faz dos personagens em sua obra um porta voz do desejo inconsciente. Há algo sobre a verdade inconsciente do sujeito que é apreendida a partir dos personagens e do enredo no qual se envolve. Desse modo, as obras tornam-se clássicas, na medida em que, mesmo com as mudanças históricas e culturais, a estrutura inconsciente permanece atemporal.

Com o teatro não é diferente… podemos perceber, a partir de sua origem na Grécia antiga com os festivais dedicados ao deus Dionísio, que o teatro trágico nos diz muito sobre esses conteúdos inconscientes a partir dos eventos ocorridos com o herói. Não é atoa que Freud utilizou a tragédia tebana de Sófocles, “Édipo Rei“, para estruturar o complexo de Édipo na psicanálise e Lacan utilizou a heroína “Antígona” para explicar a ética da psicanálise.

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A ação da tragédia permite que o sujeito se aproxime da sua angústia por meio da história, ou seja, o sujeito percebe os seus conflitos, e esses conflitos causam prazer por meio da forma artística, velando todo o desprazer. O herói trágico apresenta o desejo que há em todos, pelo qual o expectador não quer se responsabilizar, mas que, através do herói, pode reviver sem ter que passar pelo infortúnio vivido pelo personagem. Este, para Aristóteles, é o efeito catártico de alívio das tensões inconscientes que o espetáculo trágico causa ao espectador.

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Dessa forma, há quem diga que os gregos ao exibirem a tragédia, foram além da arte literária, alcançando a complexidade do que mais tem assombrado a humanidade que é a “condição trágica da existência”. Freud já dizia que os escritores criativos se encontravam a frente da ciência.

Esse é um tema que rende muitos conteúdos, principalmente para a psicanálise. Minha intenção aqui não é me aprofundar nesse sentido, mas sim, ampliar o conhecimento acerca da arte (de maneira geral) e suas ligações com nossas percepções.

Fragmentos retirados da minha monografia: Tragédia e Psicanálise: da transferência ao desejo. Se alguém tiver curiosidade em aprofundar a leitura, posso mandar por e-mail.